24 de abr. de 2014

Brasil vive "Revolução da Longevidade", diz Drº Alexandre Kalache

No dia 27 de março, o médico e presidente do Centro Internacional de Longevidade (CIL), Drº Alexandre Kalache ministrou uma palestra durante o Fórum –A Saúde do Brasil, realizado pela Folha de São Paulo.

(Foto com o escritor Zuenir Ventura e Drª Alexandre Kalache-a direita, no XVII Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia em BH)

Nesta palestra, Alexandre Kalache citou dados sobre a evolução, nas útlimas décadas e as estimativas para o futuro, quanto as taxas de fecundidade e expectativa de vida ao nascer.

Ele diz "os brasileiros estão vivendo mais, em 1970 a esperança de vida era de 53,5 anos e hoje ultrapassa os 75 anos. Hoje as brasileiras têm uma média de 1,74 filhos ao longo da vida, enquanto na década de 1970 a taxa era de 5,8 filhos. Daqui a três décadas, nós seremos um país tão envelhecido quanto Japão é hoje. Essa longevidade é uma dádiva, mas traz desafios importantes".

O médico destaca que, nos países desenvolvidos, onde a revolução já ocorreu, houve enriquecimento antes do envelhecimento. Já no Brasil, a população está envelhecendo em condições de pobreza, o que transforma a velhice em fardo.

Para Kalache, é importante executar políticas públicas que garantam a qualidade de vida dos idosos nesses anos de vida que eles ganharam. "Cada vez mais as mortes de pessoas com mais de 60 anos são decorrentes de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, que incapacitam e tiram a qualidade de vida da pessoa", afirma.

Segundo dado citado pelo médico, a proporção de mortes de pessoas acima de 60 anos corresponde a 67% do total. O desafio é investir na saúde dos idosos, já que, nessa faixa de idade ela requisita mais recursos. Ele disse que "o grande gasto com saúde geralmente está no último ano de vida".

Contudo, os gastos previstos pelo governo federal com a saúde do idoso não estão sendo aplicados, de acordo com números mostrados durante a palestra. O Ministério da Saúde previu um orçamento de R$ 28,5 milhões para a Política de Atenção à Saúde do Idoso, mas só aplicou R$ 14,8 milhões. Para o Programa de Direitos do Idoso, da Secretaria dos Direitos Humanos, estavam previstos R$ 5,8 milhões, dos quais só R$ 623 mil foram gastos.

ENVELHECIMENTO ATIVO


Ex-chefe do Programa de Envelhecimento e Saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), Drº Alexandre Kalache acredita que envelhecer com acesso a serviços, renda e autonomia conferem dignidade a essa fase da vida.

"Otimizar as oportunidades de saúde, de educação continuada e de participação na vida social, de modo a alimentar a qualidade de vida significa promover envelhecimento ativo", afirma. 

"Todos devem abraçar o envelhecimento, seja qual for a área de atuação, porque essa revolução está aqui para ficar", concluiu.


 Por: Mariana Bomfim

Um comentário:

Lysia Gomes disse...

Muito boa a matéria. Aliás, gosto muito das suas postagens, sempre atualizadas. Parabéns pelo blog!