Em 22 de Maio de 2012 a Drª Silvia Regina Mendes Pereira, médica geriatra, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, gestão 2010-2012, como representante legal da Sociedade deu seu parecer sobre os tratamentos antienvelhecimentos.
O Brasil terá, em breve, mais de 30 milhões de idosos e uma das maiores preocupações das pessoas é retardar ou prevenir as incapacidades associadas ao envelhecimento. Entretanto, proliferam no Brasil propostas de tratamentos que visam prevenir, retardar, modular ou reverter o processo de envelhecimento, bem como prevenir doenças crônicas através de reposição hormonal, suplementação vitamínica e/ou uso de substâncias chamadas anti-oxidantes.
Visando proteger a população idosa, que apresenta maiores riscos para efeitos adversos de medicamentos, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) designou um grupo de especialistas para realizar uma revisão da literatura científica com o objetivo de avaliar a eficácia e a segurança desse tipo de tratamento.
Após uma extensa revisão, a SBGG recomendou a seus profissionais associados que alertassem as pessoas de que, até o momento, nenhuma pesquisa demonstrou que vitaminas, antioxidantes, reposição hormonal ou qualquer outra substância teriam a capacidade de retardar ou reverter o processo do envelhecimento. E que se deve ter cautela, pois determinados tratamentos, além de ineficazes, podem ser danosos tanto do ponto de vista econômico como da saúde coletiva e individual.
Nas recomendações, os especialistas lembram que os idosos são mais sensíveis aos efeitos adversos dos medicamentos, e que a prescrição para indivíduos com mais de 60 anos, principalmente para os mais vulneráveis, deve ser baseada em pesquisas que comprovem eficácia e segurança, assim como em uma adequada avaliação do custo-benefício.
Os Geriatras e Gerontólogos enfatizaram que as pesquisas têm demonstrado riscos importantes com o uso indiscriminado de vitaminas, como o aumento das chances de adquirir alguns cânceres. Em um estudo com mais de 30 mil homens publicado no ano passado, o consumo de vitamina E foi associado a maior risco de câncer de próstata.
A reposição de hormônios sexuais (estrogênio e testosterona) deve ser feita apenas nos casos indicados nas diretrizes das sociedades de especialidades médicas e nunca com o objetivo de retardar o envelhecimento, pois não existe comprovação de que eles teriam este tipo efeito.
A SBGG recomendou que médicos Geriatras prescrevessem hormônios tiroidianos e adrenais (corticóides) apenas nos casos de deficiências clínica e laboratorialmente comprovadas ou no caso deles serem necessários para o tratamento de doenças, como por exemplo, asma e reumatismos, pois não existem evidências de que a sua reposição, na ausência de deficiências, previna ou retarde o envelhecimento.
Uma das maiores preocupações dos especialistas é com o uso indiscriminado do hormônio do crescimento. Tudo começou no início da década de 90, quando pesquisadores de mostraram, em um estudo com 12 indivíduos idosos com deficiência desse hormônio, que a sua suplementação melhorava algumas alterações constitucionais do envelhecimento, reduzindo a gordura corporal e aumentando a massa muscular.
Estudos subsequentes confirmaram esses efeitos, porém demostraram que eles não se refletiam em melhora da força e desempenho musculares, da capacidade funcional e da qualidade de vida das pessoas. Além do fato de existirem fortes evidências de que a reposição do hormônio do crescimento aumente a incidência de cânceres, diabete, síndrome do túnel do carpo, problemas cardíacos, dores articulares e outros problemas de saúde.
As recomendações para a reposição do hormônio do crescimento são, portanto, muito restritas e