24 de fev. de 2012

Estudo do New York Times faz entrevista com 1000 idosos

Muitas pessoas se questionam sobre-qual é a fórmula para alcançar a verdadeira felicidade –se é que isso de fato existe?

Ainda que sem pretensões de elucidar a intrigante questão, Karl Pillemer, professor de desenvolvimento humano da Cornell University, resolveu dedicar-se à busca de informações a este respeito.

Seu novo livro, “30 Lessons for Living”, é uma compilação de mais de 1.000 entrevistas realizadas com idosos de diferentes níveis econômicos e educacionais, destinadas ao objetivo de informar, sobre o que eles fizeram de certo ou errado em suas vidas.

A cobertura do estudo, realizada pelo New York Times, inclui uma galeria que reúne depoimentos em vídeo, onde é possível assistir aos idosos destilando suas preciosas sabedorias. Para quem ficou curioso, aqui vai um breve resumo:
O que os idosos dizem sobre:

Carreira dentre os 1.000 entrevistados, nenhum (eu disse nenhum) considerou que a felicidade estaria associada ao trabalho excessivo que rendesse dinheiro suficiente para comprar o que quer que fosse. Segundo um ex-atleta profissional de 83 anos, “o mais importante é ter um emprego que constantemente te faça ficar ansioso para trabalhar no dia seguinte”. Outra dica importante é resistir à armadilha de ascender profissionalmente a partir de um cargo que, apesar de mais lucrativo, te afaste de fazer o que você realmente gosta.

Casamento – ainda de acordo com o estudo, obter um casamento satisfatório, destes que se estendem por toda uma vida, estaria associado à capacidade que o casal desenvolve de contornar suas dificuldades através do diálogo, bem como de saber ceder quando é preciso. Apesar do envolvimento romântico ser o principal fator para aproximar pessoas, o que as mantém juntas por muito tempo é, sobretudo, o respeito mútuo e o sentimento de amizade.

Paternidade – é preciso tomar cuidado para que as demandas do mundo atual e os objetivos profissionais impactem negativamente a vida dos filhos. Aprenda a passar tempo com eles, dizem os idosos, fazendo o que gostam, e não o que você julga ser o mais adequado. Esta seria a receita para detectar possíveis problemas e disseminar valores sólidos. Disciplina é importante, mas castigos físicos dificilmente geram qualquer benefício.

Envelhecimento – “Ao invés de rechaçá-lo, o abrace. Envelhecer é tanto uma atitude quanto um processo”, disse uma mulher de 80 anos. Um conselho dos idosos abordados na pesquisa: “Não gaste sua juventude se preocupando em tornar-se velho”.

Para a maioria dos entrevistados, cada década e cada idade trazem oportunidades inéditas, sendo que o mais importante é manter-se aberto para contatos sociais e sempre estar disposto a aprender algo novo.

Sobre o tema, uma senhora de 92 anos declarou: “acho que sou mais feliz agora do que em qualquer outro momento da minha vida. Coisas que sempre me preocuparam deixaram de ser importantes, ou se tornaram menos importantes”.

Arrependimentos – “Seja sempre honesto”, é o conselho dos idosos para evitar remorsos dolorosos e duradouros. Tire proveito das oportunidades e aceite todos os desafios que a vida puser em seu caminho.

E viaje sempre, o máximo que puder, sem deixar para fazê-lo apenas quando tiver uma melhor condição financeira, filhos crescidos ou maior estabilidade profissional. Na visão dos entrevistados, viajar é tão recompensante que deveria ser priorizado em função das coisas em que os jovens normalmente costumam preferir comprometer seus orçamentos. A dica é fazer uma lista dos destinos dos sonhos e ir os riscando a medida em que as viagens forem se concretizando.

Felicidade – quanto a este aspecto específico, talvez o mais importante entre todos os pesquisados, a abordagem aos idosos participantes do estudo apontou uma conclusão praticamente unânime, sintetizada nas palavras de uma senhora de 75 anos: “você não tem qualquer influência sobre as coisas que te acontecem ao longo da vida, mas pode ter controle absoluto sobre a forma de reagir a elas”. Ser feliz, portanto, seria uma escolha consciente.

20 de fev. de 2012

Estudo revela-Modo de andar pode indicar propensão para Doença de Alzheimer!!

A velocidade com que um indivíduo caminha pode dar pistas sobre a probabilidade de surgimento da demência em um período mais avançado da vida, afirma um estudo conduzido por pesquisadores americanos.

O estudo segue o caminho de outras pesquisas que também indicaram conclusões semelhantes.
 
Uma pesquisa publicada em 2009 no "British Medical Journal" observou uma "forte associação" entre caminhar lentamente e morrer de ataque cardíaco ou outros problemas cardíacos.

Mais recentemente, outro artigo no "Journal of the American Medical Association" sugere uma relação entre caminhar mais rápido após os 65 anos e viver mais.

Na última pesquisa, coordenada pela especialista Erica Camargo, do Boston Medical Center, os pesquisadores registraram imagens do cérebro, a velocidade da caminhada e a firmeza da empunhadura de 2.410 pessoas com idade média de 62 anos. Ao cabo de 11 anos, 34 haviam desenvolvido demência e 79 haviam tido ataque cardíaco.

De acordo com os pesquisadores, as velocidades mais baixas de caminhada estavam relacionadas a um maior risco de demência, enquanto uma empunhadura mais forte coincidiu com chances mais baixas de ataque cardíaco.

Camargo indicou que o estudo pode servir de base para testes simples para prever o risco de demência ou ataque cardíaco, que podem ser feitos por médicos no próprio consultório. "Precisamos de mais estudos para entender por que isto acontece e para saber se alguma doença preexistente pode ter causado a lentidão da caminhada ou a diminuição da força física", afirmou.

REAÇÕES

As conclusões foram apresentadas no encontro anual da Academia de Neurologia e ainda precisam ser publicada sob o selo de uma revista acadêmica, após a revisão da comunidade científica.

O estudo foi bem recebido por dois especialistas britânicos ouvidos pela BBC. Entretanto, ambos enfatizaram a necessidade de mais estudos para encontrar uma explicação para estas relações.

"Antes que as pessoas comecem a prestar atenção em um apertar de mãos ou a velocidade de cruzar a rua, precisamos de outras pesquisas para entender as razões e os fatores envolvidos", disse Anne Corbett, diretora de Pesquisas da organização britânica Alzheimer Society. "A boa notícia é que há muitas que podem ser feitas para evitar o risco de desenvolver demência: adotar uma dieta equilibrada, não fumar, manter o peso, se exercitar regularmente e checar regularmente a pressão sanguínea o nível de colesterol."

Para Sharlin Ahmed, diretor da organização Stroke Association, para o estudo de ataques cardíacos, trata-se de um "estudo interessante", mas ainda são necessários mais dados. "Cerca de um terço das pessoas que sofrem ataque cardíaco ficam com algum tipo de sequela física, incluindo fraqueza nas mãos e dificuldades de andar. Mas é a primeira vez que vimos uma pesquisa que analisa a presença de sintomas relacionados antes de um ataque", afirmou. "É um estudo interessante, mas precisamos de mais pesquisas antes de concluir que a força de uma empunhadura ou a velocidade de uma caminhada possam determinar os riscos de ataque."

18 de fev. de 2012

Você conhece a nova Pirâmide Alimentar?

Quando se trata da alimentação do idoso, um aspecto muito importante é analisar o valor nutricional das refeições que ele realiza.

Diante disto, é interessante conhecer a nova proposta da Pirâmide Alimentar, criada por Walter C. Willett, veja abaixo:


Como podemos observar: na base da pirâmide temos a água e a atividade física, os cereais integrais, azeite extra virgem e gordura de origem vegetal. Já no topo na pirâmide, a carne vermelha! Que antes ficava junto ao grupo das carnes agora tem consumo  esporádico.

Abaixo algumas orientações do novo conceito alimentar:

 Escolher uma dieta variada com alimentos de todos os grupos da Pirâmide;

 Dar preferência aos vegetais como frutas, verduras e legumes;

 Ficar atento ao modo de preparo dos alimentos para garantia de qualidade final, dando prioridade aos alimentos em sua forma natural, e às preparações assadas, cozidas em água ou vapor, e grelhadas;

 Ler os rótulos dos alimentos industrializados para conhecer o valor nutritivo do alimento que será consumido;

 Medidas radicais não são recomendadas e os hábitos alimentares devem ser gradativamente modificados;

 Utilizar açúcares, doces, sal e alimentos ricos em sódio com moderação;

 Consumir alimentos com baixo teor de gordura. Preferir gorduras insaturadas (óleo vegetal e margarina), leite desnatado e carnes magras;

 Se fizer uso de bebidas alcoólicas, fazer com moderação,

 Para programar a dieta e atingir o peso ideal considerar o estilo de vida e a energia diária necessária.

Para maiores informações: http://lonutricionista.blogspot.com/2011/07/nova-piramide-alimentar-o-novo-conceito.html

14 de fev. de 2012

O que tem de especial no genoma de supercentenários?

Sabemos que o envelhecimento saudável é regulado por fatores genéticos e ambientais. Estes últimos – alimentação saudável, prática de exercícios, sono regular – já são bem conhecidos. O que nos falta é descobrir quais são os fatores genéticos que explicam porque algumas pessoas conseguem chegar aos 100 anos com saúde, enquanto outros já mostram sinais evidentes de envelhecimento aos 60.

Para tentar desvendar esse segredo, pesquisadores de Boston liderados por Paola Sebastiani e Thomas Perl seqüenciaram o genoma de um homem e de uma mulher que passaram de 114 anos.

Supercentenários (pessoas que passam dos 110 anos) são muito raros. Estima-se que ocorra um caso em cada 5 milhões de habitantes.Qual é o segredo de seus genomas?

Dos 80 aos 100 ou mais anos

Acredita-se que, para chegar-se saudável aos 80 anos, a genética tem pouca influência, talvez 20 a 25%. O estilo de vida é muito mais importante. Mas para passar dos 100, ocorre o contrário. Estudos de centenários sugerem que os genes parecem ter papel fundamental na longevidade. Entretanto, pouco se sabe a respeito desses genes: quais são e o que fazem. Descobrir seus segredos é de grande interesse porque a maioria de nós não possui os genes “supercentenários”.

O que foi observado nos dois “supercentenários”?

De acordo com os pesquisadores o homem manteve-se saudável tanto física como intelectualmente até os 114 anos, enquanto a mulher passou a ter um leve declínio cognitivo, mas só após os 108. Nada mau, não?
O homem tinha história familiar de parentes bem longevos. Essa informação não foi conseguida no caso da mulher, mas sabe-se que ela tem descendentes que já estão na faixa dos 90 anos e saudáveis. Também serão incluídos no estudo.

O que mostrou o estudo de seus genomas?

Surpreendentemente, a análise dos genes de risco para doenças como câncer, Alzheimer ou cardiopatias não mostrou diferenças em relação aos genomas comuns. Foram encontrados vários genes supostamente de “risco” nos dois. O homem tinha 37 genes que aumentam o risco para câncer de intestino e realmente ele desenvolveu um câncer de colon intestinal que foi removido quando ele tinha 70 anos, sem maiores conseqüências.

Como explicar então essa longevidade excepcional?

A hipótese levantada pelos pesquisadores para explicar como manter-se saudável após um século de vida seria a presença de genes raros “protetores” e que seriam suficientes para anular os efeitos dos genes de risco. Para comprovar essa hipótese será necessário analisar um número maior de indivíduos supercentenários e tentar compreender como esses genes “protetores” atuam. A esperança é que, se conseguirmos descobrir o que eles fazem, talvez seja possível transformar um genoma comum, presente na maioria de nós, em um genoma “supercentenário”. Uma pesquisa que interessa a todos nós.

Como contribuir com essa pesquisa?

O centro do Genoma Humano está realizando um projeto de análise do DNA e ressonância magnética de pessoas que se mantém saudáveis após os 80 anos.
Será que alguns deles têm os genes protetores dos supercentenários?
Se você for um deles ou conhecer pessoas com essas características que queiram participar do estudo por favor entre em contato conosco. E é claro que, quanto mais idoso, melhor. O email de contato é: 80mais@gmail.com.
Por Mayana Zatz

11 de fev. de 2012

Secretaria Estadual de Saúde promove curso em São Paulo de orientação a cuidadores de idosos

A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo está promovendo um curso de orientação sobre cuidados com saúde e bem-estar das pessoas com 60 anos ou mais.

O Centro de Referência do Idoso da Zona Norte (CRI-Norte) realiza, a partir do dia 1º de fevereiro, o Curso de Orientação para Cuidadores Informais de Idosos.

As atividades estão sendo realizadas uma vez por semana e contam com diversas palestras sobre diferentes temas que abordam saúde, bem-estar e segurança, além de dicas de como lidar com determinadas situações.

As palestras são ministradas pelos próprios profissionais do CRI nas áreas de nutrição, saúde, assistência social e comportamento. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.crinorte.org.br.

O Curso de Orientação a Cuidadores Informais de Idosos não forma profissionais, mas oferece orientações importantes para facilitar e auxiliar o trabalho dos cuidadores.

As atividades são realizadas no auditório "Dr. Luiz Roberto Barradas Barata", no CRI - Norte, localizado na Avenida Voluntários da Pátria, número 4.301, ou entrada pela Rua Augusto Tolle, 978. Entrada para veículos, na Rua César Zama, número 01, mas somente para embarque e desembarque de passageiros.

7 de fev. de 2012

USP vai estudar genes de idosos saudáveis

O Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP) quer descobrir qual é o segredo das pessoas que chegam aos 80 anos sem problemas físicos ou cognitivos. O grupo, coordenado pela geneticista Mayana Zatz, pretende reunir dados genéticos, fisiológicos e sociais de mais de mil pessoas nessa faixa etária.

Mayana falou sobre o projeto durante sua apresentação na Fapesp Week, um evento de três dias que ocorreu no final do ano passado, organizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em Washington (EUA). O objetivo do encontro foi divulgar no exterior a ciência produzida no Estado.

"O objetivo do projeto é entender melhor o que controla a longevidade na nossa população", afirma Mayana, que realiza o estudo - batizado de 80+ - ao lado da Faculdade de Saúde Pública da USP e do Instituto de Pesquisas do Hospital Albert Einstein.

Todos os voluntários - indivíduos saudáveis com mais de 80 anos - têm o seu DNA coletado para estudo do genoma e passam por uma entrevista onde informam dados demográficos. Depois são submetidos a uma ressonância magnética no Hospital Albert Einstein. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

4 de fev. de 2012

Reflexões de Lya Luft sobre o envelhecimento

Mudar, transformar, reciclar... é preciso!!!
Então, mãos à obra...

"A idade e a mudança"

Este comentário da escritora, tradutora e poetisa vale para ambos os sexos, com qualquer idade.

Ela está com 74 anos.
 
A Idade e a mudança
Lya Luft

Mês passado participei de um evento sobre as mulheres no mundo contemporâneo.

Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades.  E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi.

Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito.

Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho?

Onde é que nós estamos?

Onde, não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.
Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas.

Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas, mesmo em idade avançada.  A fonte da juventude chama-se 'mudança'. De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.

A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.

Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos.

Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho.  Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos.

Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou  um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis,  onde ela vai à praia sempre que tem sol.

Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.

Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros,a vida se desestabiliza.

Mas então chega o depois, a coisa feita,  e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos,  e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna.

Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar.

Portanto, Olhe-se no espelho..."

2 de fev. de 2012

A Fisioterapia Gerontológica Proporcionando uma Nova Perspectiva ao Paciente - entrevista do Portal do Envelhecimento-PUC-SP

Esta entrevista foi feita pela colega Maria Lígia, do Programa de Mestrado em Gerontologia da PUC-SP e publicada no Portal do Envelhecimento.
Agradeço a colega pela oportunidade!!

A “fisioterapia gerontológica” envolve, além do tratamento das doenças do envelhecimento e do modo de preveni-las, a utilização de uma abordagem em que o idoso é visto de forma integral, considerando seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais.       

30/01/2012 - por por Maria Lígia Mathias Pagenotto na categoria 'Academicas'

O que difere um atendimento fisioterápico que tem por base a geriatria e outro que se utiliza de conhecimentos gerontológicos?

Pautada por sua própria experiência na área, Cristina Cristovão Ribeiro da Silva, formada em Fisioterapia pela UNICID, tinha em mente que havia uma clara diferenciação entre um procedimento e outro. Sua dissertação de mestrado buscou justamente identificar o lugar da fisioterapia gerontológica dentro da Fisioterapia, levantando quais as características desse tipo de atendimento.

Em sua dissertação, intitulada Fisioterapia Gerontológica: Uma Nova Perspectiva de Atuação da Fisioterapia no Idoso, Cristina mostra que existem duas linhas bem distintas de atuação do fisioterapeuta junto à população idosa. A “fisioterapia geriátrica”, explica, tem como foco o tratamento e a prevenção das doenças próprias do envelhecimento e da velhice. Já a “fisioterapia gerontológica” envolve, além do tratamento das doenças do envelhecimento e do modo de preveni-las, a utilização de uma abordagem em que o idoso é visto de forma integral, considerando seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

“Trata-se de uma diferenciação necessária e complexa”, diz Cristina, cuja dissertação, orientada pela professora doutora Vera Lúcia Valsecchi de Almeida, foi defendida em maio de 2011 na PUC-SP. Além de mestre, Cristina é também especialista em gerontologia pela UNIFESP e professora universitária no Centro de Ensino Superior de Foz do Iguaçu (Cesufoz, do grupo UNIP).

Sua pesquisa utilizou a abordagem qualitativa de perfil exploratório-descritivo, detendo-se no estudo de um caso de uma paciente sua do sexo feminino, com 94 anos de idade. De acordo com a pesquisadora, “apesar de pontuais, os resultados obtidos foram significativos envolvendo, entre outros aspectos, o que poderíamos ‘batizar’ de ‘renascimento do sujeito.”
Vale a pena conhecer um pouco mais do trabalho de Cristina Ribeiro nesta entrevista. Ela também desenvolve um blog, sobre seu trabalho, que pode ser conferido no endereço: http://fisiogerontologica.blogspot.com/.

Por que decidiu fazer mestrado em gerontologia?
Antes do mestrado, além de atuar como fisioterapeuta, exercia a atividade da docência no ensino superior, o que exigia um currículo com pós-graduação stricto sensu. Essa exigência já que correspondia aos meus desejos, pois sempre tive o objetivo de fazer um mestrado.
A escolha da gerontologia como linha de estudo foi natural. Já trabalhava na área e tinha a intenção de aprofundar meus estudos. Após conversar com amigos e professores da minha área, concluí que a melhor opção seria fazer o Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia, da PUC-SP. Eu me identifiquei muito com a proposta do curso. Fazer esse mestrado foi fundamental para que eu desenvolvesse uma visão gerontológica da fisioterapia que, até então, não tinha ou estava ainda embrionária.

Como definiu seu tema de pesquisa?
Meu tema surgiu a partir da minha prática profissional. Percebia que existia, e ainda existe, muita confusão na utilização dos termos-fisioterapia geriátrica e gerontológica, uma diferenciação necessária e complexa. Certa vez tive a feliz oportunidade de atender a uma paciente utilizando a abordagem gerontológica. Foi uma experiência fantástica, que surtiu resultados muito positivos. Por conta disso, resolvi estudar e escrever sobre este caso.

Quais os principais desafios que enfrentou durante o desenvolvimento do trabalho?
O assunto desenvolvido por mim tem poucas referências bibliográficas: existe apenas um livro com o título Fisioterapia Gerontológica, mas o seu conteúdo é puramente geriátrico. Ao fazer minha dissertação tive que, aos poucos, ir construindo uma sistematização do que vinha a ser a Fisioterapia Gerontológica, baseando-me nos atendimentos que fiz à paciente. Este foi um dos objetivos centrais da dissertação – ou seja, identificar as características dos atendimentos da fisioterapia gerontológica e contribuir para a sistematização da fisioterapia gerontológica por meio de um estudo de caso.

Que desdobramentos esta pesquisa teve na prática?
Pesquisar sobre este assunto foi muito bom, me ajudou a fundamentar teoricamente o que eu percebia na prática. Foi um processo que ocorreu juntamente com as aulas e discussões com os professores, que sempre incentivaram muito os alunos a estudarem e pesquisarem assuntos que tivessem relação com a sua vida profissional e interesses pessoais. Esta convergência do mestrado com a vida pessoal do aluno faz, para mim, muito mais sentido, já que aproveitamos mais o tempo, pois o que eu estudava no mestrado me ajudava a crescer profissionalmente, tanto como fisioterapeuta quanto como professora universitária. Além disso, essa convergência gera muita motivação. Foi muito bacana, pois conforme eu descobria e percebia algo que seria interessante na minha prática, durante os atendimentos, eu já colocava na dissertação, sempre pensando como eu poderia fundamentar aquilo que estava querendo dizer.

Como avalia a repercussão de sua pesquisa na sociedade? De que forma acha que seu trabalho contribui para a construção de uma cultura da longevidade?
O que percebo é que nesta área do envelhecimento/gerontologia, de forma geral, as referências ainda são muito escassas, que dirá na fisioterapia. Este campo possui diversas áreas de especialização, e, em se tratando da fisioterapia voltada às pessoas idosas, podemos encontrar várias denominações, tais como: “fisioterapia aplicada à geriatria e gerontologia”, “fisioterapia geriátrica”, “fisioterapia geriátrica e gerontológica” e até “fisioterapia gerontológica”. O mesmo ocorre quando esta área é estudada no curso de graduação; neste curso, a disciplina pode receber as várias denominações mencionadas, ou seja, ainda não existe um padrão para denominar a disciplina que estuda o idoso dentro do curso de Fisioterapia.

Em minha prática docente, exercida desde 2006, nunca observei a denominação “fisioterapia gerontológica” em nenhuma matriz curricular de cursos de Fisioterapia. Assim sendo, falta entendimento sobre a melhor denominação para a disciplina dentro do próprio curso de graduação. Se esta dúvida ou desconhecimento desta área ocorre com os coordenadores e professores do curso, que dirá com os alunos, futuros profissionais que atuarão com esta população idosa.
Minha questão é: será que eles saberão distinguir a fisioterapia geriátrica da fisioterapia gerontológica?
A permanência desta dúvida pode fazer com que eles exerçam, em sua prática, uma fisioterapia muito mais voltada aos princípios da geriatria, ou seja, aos moldes do modelo médico, em vez de exercer uma fisioterapia mais generalista e humanizadora, utilizando as bases da gerontologia.

Foi por isso que resolvi estudar e escrever sobre esta temática. Acredito que, quanto mais o fisioterapeuta tiver o conhecimento da gerontologia, mais ele incluirá, em seu tratamento, uma abordagem diferenciada do paciente; um olhar humanizado e integral pautado pelo princípio de quem tem à frente um sujeito idoso; uma pessoa que possui uma longa história de vida, ou seja, alguém que apresenta – ainda que com grandes variações individuais –, particularidades do processo de envelhecimento.

O enfoque da fisioterapia gerontológica não é apenas o tratamento das doenças do envelhecimento e o modo de preveni-las, como se dá na fisioterapia geriátrica; seu grande diferencial é que a abordagem feita ao idoso considera os seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais. Por conta desta abordagem mais humanizada, por meio da fisioterapia gerontológica, considero de extrema importância este trabalho, pois se mais profissionais tiverem acesso a este saber, estarão mais preparados, ou talvez mais sensibilizados, para esta realidade do envelhecimento e para o contato com um paciente que, além de chegar com as fragilidades advindas de um processo inflamatório, uma dor aguda ou crônica, ou outra demanda que necessite de fisioterapia, é um sujeito idoso, que muitas vezes está sofrendo com as mudanças da idade, está sem o amparo da família.

O mercado de trabalho necessita de profissionais qualificados, preparados e mais sensíveis para esta realidade do envelhecimento. Acredito que, quanto mais se divulgar a gerontologia, e, neste caso, a fisioterapia gerontológica, melhor será para a sociedade em geral quanto para a cultura da longevidade.

O que o mestrado e a pesquisa acrescentaram em sua vida pessoal e profissional?
O curso proporcionou vivências muito importantes e a oportunidade de conhecer professores fantásticos. Pude participar de disciplinas que contribuíram para o desenvolvimento de muitas discussões surgidas em sala de aula. O curso também me ajudou a aprofundar o conhecimento e a estudar autores muito interessantes na área do envelhecimento/velhice.
Foi muito enriquecedor ter concluído a pesquisa, escrever e fundamentar teoricamente sobre um assunto com o qual eu já tinha contato, mas que até então existia apenas na prática.
Em relação à vida profissional, percebi, tanto no meio acadêmico quanto no cotidiano da fisioterapia, o valor da titulação.

Quais foram os passos seguintes ao mestrado em sua vida acadêmica? E na vida profissional?
Desde a defesa da dissertação venho ministrando algumas palestras sobre a temática “Fisioterapia Gerontológica”, com o objetivo de divulgar este assunto. Aos poucos estou também publicando parte da dissertação, na forma de artigos científicos.

O que diria para quem está começando a estudar na área?
Vejo que é uma área muito promissora. Com o aumento da expectativa de vida, cada vez mais o mercado de trabalho necessitará de profissionais qualificados em gerontologia. Esta realidade do envelhecimento populacional já é um fato no Brasil e ainda faltam profissionais preparados. O profissional que realmente se identificar com esta área, deve se dedicar, buscar sempre fazer o seu melhor, estudar, pesquisar, estar sempre atualizado, pois é um campo em que as pesquisas estão avançando e crescendo a cada dia. Acredito que se ele se preocupar com todos estes aspectos, terá, como consequência natural, muito trabalho e sucesso profissional, sendo feliz nesta sua escolha.

Fonte:http://portaldoenvelhecimento.org.br/noticias/academicas/a-fisioterapia-gerontologica-proporcionando-uma-nova-perspectiva-ao-paciente.html